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terça-feira, 22 de setembro de 2009

O ESTUPIDO

-Tá indignado com o que Alex?
-Teo, quem eles pensam que são? Tenho mais visibilidade e capacidade de articulação que todos juntos. Com quarenta anos já acumulei dois milhões e meio de dólares e naquele grupo, quem tem?
-Acho que nele seus milhões não valeram nada!
-É inveja, despeito...
-Pode ser, mas também pode ser que para eles a moeda seja outra.
-Teo, na sociedade do vale tudo existe outra moeda que não seja poder e grana?
-Pra você não, mas para um artista sim.
-Eu sou um ótimo artista!
-Alex pensar que é um artista não o transforma em um.

No passado, alguns homens conheceram e sentiram os temores e horrores do existir. Para que fosse possível viver, tiveram de colocar entre eles e a vida, a exuberante criação dos deuses: a palavra. O existir se tornou possível porque acreditaram que poderiam escapar de seus temores se aproximando do mundo dos deuses. Tal crença transfigurou a vida, deixando a morte em suspensão.

Para superar a morte os homens inventaram a arte, garantindo que a transgressão enriquecesse a vida. Por que será que esta prerrogativa desapareceu das sociedades atuais?

Muitos homens sem fé tentam superarem-se exclusivamente através da aquisição de poder e dinheiro. A fé na superação brota da experiência e senti-la é perceber que a existência independe da materialidade a que ficou reduzida. Sem fé não compreendemos nada, ou pior compreendemos equivocadamente. O que a fé procura a inteligência encontra e sem ela esta última se converte em estupidez.

Homem ainda é sinônimo de racionalidade, inteligência e ação. Mas a racionalidade emerge dos sentidos, a felicidade não está condicionada a um numero infinito de dinheiros e a inteligência depende da fé. Todo homem deveria saber que a razão de sua infelicidade vem da dificuldade em não saber como ficar em repouso e com isto aprender a lidar com seus temores.

Que esperanças há para uma sociedade que abriu mão de sua responsabilidade neste aprendizado, acreditando que pode extirpar de si todos os temores da existência, fazendo-os parecerem exclusivamente males sociais? Nela a sabedoria desaparece, ficando a experiência relegada à pobreza do vale tudo, onde a liberdade deixa de ser o direito de fazer o que as leis permitem, passando a se afirmar como possibilidades para a perversão.

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