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quinta-feira, 22 de outubro de 2009

PERTO DOS CINQUENTA.

-Quincas por que está de cabeça baixa?

-Não é nada.

-Como não?

-Sei lá rapaz. Vou fazer quarenta e seis anos Teo e o que eu consegui na vida? Casei-me tres vezes, tenho cinco filhos e cada uma das mulheres me exige um revezamento cinco por três. Além do mais não me sinto realizado profissionalmente apesar de ganhar muito dinheiro.

- Quincas você está pondo chifres em cabeça de galinha.

- Ethan, por que você não fica de boca fechada!

-Teo, o Quincas namora mulheres que matariam o Assioli de inveja, ainda bem que ele só tem olhos para as do Murilo. Tem aquele avião que me deixa de queixo caído... É convidado para qualquer festa. Ele é uma celebridade que tem a vantagem de ser muito conhecido por quem não o conhece.

-E que vantagem há nisto Ethan? O Quincas está numa idade difícil, aos quarenta a vida acaba meu amigo e a existência começa!

Depois dos quarenta o presente é sempre obscuro. Descobre-se a razão pela qual se utiliza o sucesso e a fama como um parâmetro para avaliar-se diante da escala status-evolutiva: a inexistência de contato com a própria infelicidade, da qual se tenta escapar através de uma vida superficial festiva. Fama e celebridade só são necessárias quando se vive na desventura. Se Tróia tivesse sido feliz quem se lembraria de Heitor, em terra de celebridade quem tem olho é cego.

A fama é como um rio que mantêm na superfície as coisas leves e infladas e arrasta para o fundo as coisas pesadas e sólidas. Dependemos da solidez para existir! Com trinta anos pode-se ignorá-la, mas aos quarenta isto se torna desastroso, pois se o prestigio é adquirido sem mérito as considerações são obtidas sem estima. Quem chega aos quarenta sem estima, mérito é o que não terá.

Mas então, o que faz um vencedor sentir-se como um perdedor, já que nos dias de hoje tanto a reputação quanto o crédito dependem apenas da riqueza que se guarda no banco? Afinal a fama e o sucesso não deveriam dar garantias de bem estar continuo?

Felizmente a adultez pode se consolidar aos cinqüenta quando um homem se torna sólido e consistente. Para tanto, é necessário que ele adote uma ética pautada no coração e não a na audiência do ibope.

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