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quarta-feira, 7 de outubro de 2009

HOMEM E INVEJOSO.

Em todo o Brasil ouvimos falar sobre o mal-estar criado pelo governo Lula. A perplexidade gerada pela corrupção foi sendo transformada em desencanto. Na medida em que todos os culpados não foram punidos, o país mergulhou num clima de pessimismo político. Frases do tipo: "o poder corrompe, isto acontece em todo lugar", ou "todo mundo rouba", são ouvidas por toda parte, atestando um estado de derrota daquela esperança que venceria o medo. Se o cenário político interfere no estado emocional dos eleitores, em contrapartida podemos pensar que tipo de complexo emocional faz parte do atual governo, que usou um discurso ético para chegar ao poder.
Por que será que o discurso de campanha não pode ser materializado? Que demanda emocional tal discurso se prestou a atender?
Quando observarmos alguns fatos, perceberemos que há uma relação entre governo, champanhe e avião caríssimos, cartão de credito no valor de quatro milhões, viagens internacionais, ganhos paralelos oriundos do abuso de poder do cargo, uma legião de funcionários públicos contratados sem concurso e um programa social assistencialista. Omitindo o nome Partido dos Trabalhadores poderíamos dizer que tais fatos diriam respeito a um governo de ricos conservadores.
Em tese a classe operária teria chegado ao poder. Mas o que será que fez com que ela adotasse rapidamente os hábitos dos governos reacionários que tanto criticaram? Por que será que no Brasil quando grupos chegam ao governo esquecem quem são e o que escreveram? Talvez seja por que a classe política brasileira se organize segundo um mesmo mito. Quem sabe seja por isto que as alianças acontecem de formas esdrúxulas. Este mito tem por preceito o dito: O MUNDO ME DEVE porque sou o mais inteligente, o mais vaidoso, o mais explorado, o mais pobre, o mais ético. Assim, um político justifica o uso da máquina pública em beneficio próprio, usando-a como se pertencesse a ele.
Não importa de que ideologia ele faça parte. Um vaidoso desejará sentir-se membro do primeiro mundo e um operário desejará ser parecido com algum antecessor, a exemplo de J.K. O que move ambos é uma inveja travestida em favor à população ao invés de responsabilidade pública.
Para o invejoso convém que o outro caia. O político invejoso sente que foi eleito para servir a si mesmo. A inveja é um sentimento que existe para fazer frente à impotência diante da vida. Quando a inveja é grande fica-se estrábico, corre-se o risco de não ver mais nada direito, principalmente que há em si falta de qualidades para desempenhar um cargo. Por este motivo, o invejoso é um avarento, pois quanto mais adquire mais aumenta a própria sede, tornando licito qualquer coisa que lhe dê prazer, eliminando de si a critica sobre o que faz. A inveja serve para dar ao impotente uma ilusão de quem ele é, dela se originam sua arrogância e prepotência.
O medo é um sentimento recorrente para o invejoso e determina hoje o clima em Brasília. Foi por medo de deixar de usufruir as regalias do poder que o atual governo beneficiou através de alianças, todos aqueles que durante anos se opuseram às suas idéias. Infeliz do país que ainda precisa de heróis, pois é impossível fazer os homens felizes por meio da política. A esperança neste governo desapareceu e em seu lugar apareceram a omissão e a arrogância de políticos gananciosos.
Os que chegam ao poder desejam obter regalias mais do que realizar o projeto de campanha. Por este motivo ele não se concretizou. Em verdade sempre aspiraram pelos mesmos benefícios de seus antecessores: o primeiro ato político foi tomar um champanhe. Todavia, nunca tiveram coragem de assumir publicamente que querem luxo.
O complexo emocional que move grande parte dos políticos brasileiros se compõe de inveja, impotência e narcisismo. Por sua vez, o que transborda em Brasília chega até as ruas fazendo crer à população que quem trabalha é otário. Lênin tinha razão quando dizia que o partido é a mente, a honra e a consciência de nossa época.

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