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domingo, 4 de outubro de 2009

BANDIDOS.

- Ethan eu já paguei ao banco 45 mil dos 40 que me emprestaram e ainda devo 35! Sabe lá o que é isso?
- Sei. Eu deixei 10 mil na poupança e eles me pagam 0,7% de juros ao mês. O restante empresta a você e lhe cobram 128% de juros ao ano. É assim que funciona, disse Ethan.
- E ainda por cima dizem: é legal, e daí?
- Rapaz, por que será que aqui o próximo posto de um ex-ministro das Finanças é ser membro de Conselho de banco privado? E o de ex-presidente é ter uma coluna em jornal de opinião e fundar centros de estudos latino-americanos no exterior?
- Será que existe alguma relação entre a mídia, o governo e os bancos?
- Claro que sim! Ela é necessária para nos fazer acreditar que vivemos no mais perfeito dos mundos: somos cidadãos e consumidores! Não existe nada melhor. E aqueles presunçosos de esquerda se fossem competentes poderiam oferecer um outro ponto de vista, mas não eles também querem estar no castelo de Caudas. Esta esquerda brasileira nasceu incendiária, mas acabou como bombeiro de tudo aquilo que denunciavam.
- Você sabe que eu fiquei confuso quando estava no banco. Eu olhava para todas aquelas propagandas com belíssimas fotos de gente abraçando gente, cachorro e papagaio, avo beijando neto, jovens felizes e seguros do futuro. Eu sem saber como fazer para pagar os juros imaginava que o errado era eu. Por que será que eu não estou feliz como eles?
- Porque você é o filho de uma...
- Não precisa responder.
- Desculpe, mas hoje ninguém agüenta viver fora de uma mentira e se for coletiva melhor ainda.
- Esses caras deitam sobre a paciência deste povo. O brasileiro por ser mais conservador do que aqueles que governam nunca será temido. Só são arrojados quando incendeiam ônibus, saem atirando na rua e fazem laranja virar suco. Como escapar a esta mediocridade que se diz instruída, mas que se quer sabe o que é ser douta.
- Estão longe disto meu amigo, longe. E ainda existiu um sujeito que dizia que política é magia.
- E é mesmo!
- Veja só como é que todo mundo acreditou na fábula do operário pobre que ia mudar o mundo e se esqueceu disto no meio do caminho porque gostou do mundo que queria mudar. Isso é mágica.
- Como é que a gente faz para tudo isto desaparecer?
- Dê gargalhadas meu amigo, ria muito de nossa covardia por tolerarmos este estado de coisas.

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