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terça-feira, 25 de outubro de 2011

SEXO




Sexo é o assunto que agrega homens heterossexuais e homossexuais. Sexo torna os homens iguais independente da orientação sexual que tenham. No ocidente, o sexo tem sido uma presença constante na vida dos homens, porque através dele um homem se reconhece como tal, a ponto de acreditar que o que o diferencia de uma mulher é o apetite que ele tem em relação ao sexo. Se observarmos as mídias dirigidas ao publico masculino, veremos que o apelo sexual transborda, e para tanto, belas mulheres e homens sarados são usados como destaque para chamar atenção tanto do público heterossexual, quanto homossexual.

Nesta cultura, um homem aprende que o sexo deverá ser sua pátria e língua. Ele é levado a acreditar que ao falar este idioma saberá que está vivo, independente de sua orientação sexual. Para os homens, o sexo determina um cenário de busca, através do qual ele imagina que confirmará quem seja, ou ainda, definirá o que não tem certeza sobre si mesmo. O desejo sexual é fantasia que busca concretização no ato. Se por um lado aproxima pessoas, por outro as afasta. Haja vista que, a fantasia se desfaz depois que o ato se consuma.

Certa vez me disseram: “os homens são visuais e as imagens lhes servem para escolher com quem farão sexo.” As imagens orientam os homens a serem assertivos sexualmente. A beleza e a juventude, atraem os olhos que procuram os melhores seios, coxas e bundas, mergulhando-os no tesão por objetos. Depender de clichês para se excitar, é o mesmo que desejar o que foi condenado a querer. Muitos homens acreditam que a liberdade está em se satisfazer com o que os excita, mas viver excitado é um vicio que limita o prazer de existir. Livre é aquele que inventa mundos, sonha seu próprio sonho e não o que lhe determinaram sonhar. O prazer pelo prazer, pode transformar o sexo em uma masturbação 3D.

Para um homem, o sexo também representa o que ele não sabe que existe em si mesmo, mas que tenta calar através da voracidade sexual. Quando não sabe o que o inquieta, usa o sexo para aliviá-lo e aplacar sua angustia, descrita pelos franceses como uma pequena morte.
 
Quando sentimos fome ou sede não precisamos de imagens para nos lembrar disto. Sabemos que estamos com fome por meio da excitação in natura. “Como ela é gostosa”, ou “como ele é gostoso”, são designações comumente usadas para limitar a experiência de ser homem no mundo. Fazer sexo com uma mulher ou com um homem, é mais do que comê-los como se fossem pratos de feijão bem temperado. Sexo com muitas parceiras, ou parceiros, é fast food.

O coração pulsa, os pulmões se enchem de ar, sem lançar mão de imagens para fazê-los funcionar. Tomar o sexo como pátria, é distorcê-lo para que sirva àquele que depende dele para sentir-se vivo. Há os que usam este artifício para tomar consciência da própria existência, como se precisassem estar excitados para sentirem-se vivos.

A linguagem sexual identifica um homem a outro, através da crença em uma identidade estereotipada a qual se ajusta, quer seja ele heterossexual ou homossexual. Como isto não é possível, a imagem do homem bem sucedido, ávido sexualmente e poderoso, é criada para materializar esta ilusão. Quando um homem não sabe qual é o seu valor, compra para si a imagem de homem que lhe é vendida por aí, tornando-se dócil, um bom menino em relação a ela.

O sexo dependente da excitação, mas não se reduz a ela. Reduzir o sexo a excitação, é mantê-lo atrelado a ereção, a impotência, a ejaculação precoce, que o dinheiro, o consumo e o poder tentam aplacar. Sexo é literatura, através do qual palavras esperam para serem inventadas, mundos para serem desfeitos e criados, historias para serem vividas. Para tanto, é preciso ter coragem de viver a própria vida, sob o risco de fazê-la definhar no medo e na covardia que a pornografia esconde.

SN, rio 2011.

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