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segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

NÃO EXISTEM MAIS HOMENS.


Anteriormente foi um índio, depois um mendigo. Teve também aquele cara da boite e um outro foi espancado no transito. Lembram do sujeito que deu um tiro na ex-mulher pelas costas? Agora uma mulher foi espancada enquanto esperava o ônibus. Hoje, pode ser qualquer um, não importa mais os nomes. Para um grupo de machos que ainda não sabe o que é ser homem, o que era inusitado, se transformou em recorrente.

“Pensamos que fosse uma prostituta”, dizia um deles. Talvez ela tenha apanhado porque se recusou a transar com eles. “Um deslize”, disse um pai.

Para eles não existem mais nuances, para seus pais também não. Posto desta forma, bater em alguém se tornou o mesmo que socar um objeto. Um objeto pode ser socado. Eles acreditam que qualquer um possa se transformar em objeto, porque para o agressor, um objeto tem por característica não ser humano como ele. Assim, ele constrói o álibi para espancar.

Mas o que está deslizando? A questão aqui não é saber de quem é a culpa, mas compreender como se chegou a este estado de coisas, no qual não há relevo ou sutilezas. No passado, alguns ritos de passagem foram criados para transformar meninos em homens. Estes ritos estavam ancorados em uma visão de mundo cujos valores NÃO eram a esperteza, a ganância, o ódio ao outro ou ainda a arrogância do ignorante. Afinal, ser homem era razão de orgulho.

Nos dias de hoje, se cada homem que ocupa uma posição de autoridade na cena publica ou privada, ensina para os mais moços que para serem homens só precisam de viagra, um advogado, amigos influentes e milhões de dinheiros, então qualquer um pode ser homem. Mas isto não é verdade, ser homem não é para quem quer, é para quem pode.

Onde os mais velhos continuam deslizando? Fazendo os mais jovens acreditarem que espancando, submetendo, matando, sendo safado e oportunista irão conseguir o que desejam. Posto de modo, sabe-se que nem todo sujeito conseguirá ser homem, pois o desespero em não saber como sê-lo, o impulsionará para a violência, pois deste modo, ele pensa que terá uma identidade.

Se um sujeito para se sentir homem precisa fazer valer toda essa mesquinharia, é porque não conseguiu extirpar de dentro de si o ódio gerado por sua impotência, e portanto, o desloca para qualquer um. Ele não sabe o que é ser homem, ninguém lhe ensinou isso. Creio que tanto gerações de pais quanto de filhos, não sabem para que servem os homens. Sexo, poder e prestigio também se encontra entre orangotangos e chipanzés. Mas eles fazem isso com elegância.

Em sua cegueira, o Rei Lear chorando é tomado por sua lucidez: tomou decisões equivocadas, deslizou. É preciso saber o valor do coração que um filho carrega no peito. Por que será que os homens não choram mais?

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